Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

A maioria das pessoas têm segredos que guardam as sete chaves, alguns segredos incomodam o dia-a-dia da pessoa que tem que conviver com ele, há segredos que as pessoas já aprenderam a conviver com eles e ainda há os segredos que são apenas segredos.

Existem famílias que escondem a história de um de seus membros, como por exemplo, não contam à seu filho que ele é adotivo, ou ainda algumas mulheres podem não ter certeza se o filho é do parceiro ou fruto de um relacionamento extra-conjugal, ou então escondem a história de um aborto, mesmo os espontâneos, esses e outros são os que chamamos ‘Segredos Familiares’. 

Esconder a história de uma pessoa sobre ela mesma pode levá-la à experienciar um sentimento de angustia, em alguns casos podendo até gerar problemas de ordem emocional. Por isso, é importante que os segredos a respeito da história de alguém possa ser contado à própria pessoa dona da história que lhe é ocultada. 

Não importa a idade da pessoa, sua história deve ser contada, mesmo que o sujeito seja ainda um bebê, menosprezamos muito a capacidade de interação e de entendimento dos bebês, mas há vários estudos que mostra o quanto bebês, mesmo os recém-nascidos, estão atentos ao meio e responde á ele. 

Alessandra Piontelli uma psicanalista italiana relata que atendia uma criança de 5 anos de idade com queixa de ansiedade e percebeu que essa criança por várias vezes pegava bonecas e as sacudia como se estivessem mortas e quisesse ressuscitá-las, certa vez Piontelli chamou a mãe da criança e fez o comentário do que observara nas sessões, a mãe se põem a chorar e diz a psicanalista que teve uma gestação gemelar, entretanto, só nasceu com vida a criança que Piontelli atendia, o outro bebê morreu com 34 semanas de gestação. A psicanalista então conta para a criança que atendia essa história, ou seja, sua própria história, diz a criança que ela teve um irmão e que conviveram e cresceram juntos por vários meses na barriga de sua mãe, mas que infelizmente, seu irmão não conseguiu sobreviver e ela teve que ficar com seu irmão morto durante ainda mais alguns dias dentro da barriga de sua mãe. Tal revelação à criança fez com que a mesma deixasse de apresentar os comportamentos ansiosos pelo qual foi encaminhada à análise. 

Essa é um dos exemplos a respeito da importância de se contar a história do sujeito á ele mesmo, pois, de alguma forma, ele sabe que lhe é escondido algo, e esse não dito pode provocar problemas de ordem psicológica no desenvolvimento do sujeito. Portanto, se você pai ou mãe ainda não contou a seu filho algo importante que diz respeito à ele, mesmo que não seja um segredo, mas algo que diz respeito diretamente à ele, como ter nascido prematuro por exemplo, seria importante que pudesse contar, isso poderia inclusive ajudar a prevenir problemas de ordem emocional. 

Você suportaria que outras pessoas soubessem algo importante sobre você e que você mesmo desconhecesse?

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