Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

Mais de 50% das grávidas manifestam estresse físico ou psicológico em alguma
fase (SCHIAVO, 2011; RODRIGUES; SCHIAVO, 2011; SCHIAVO, 2016). O estresse
é uma reação do organismo diante a um evento estressor, que não necessariamente deve
ser um evento ruim. As pessoas associam muito o termo estresse somente ao seu lado
negativo. A reação do estresse no organismo pode se manifestada de duas formas:
eustresse ou distresse. O Eustresse é o considerado estresse “bom”, esse se manifesta no
organismo quando a pessoa tem sensação de prazer e realização, exemplo, quando uma
mulher deseja engravidar e descobre que está grávida e o Distresse é considerado o
estresse “mau” esse provoca desequilíbrio emocional e físico.
Selye (1936) descreveu três fases do estresse; Alerta; Resistência e Exaustão. A
primeira fase é quando o sujeito diante a um evento estressor não consegue lidar com a
situação, se logo o sujeito conseguir lidar com a situação o estresse acaba, entretanto se
a situação permanece o sujeito pode entrar na segunda fase e se ainda assim o sujeito
não conseguir se reorganizar, ficando exposto por muito tempo à essa situação
estressante, chegará na ultima fase do estresse, que pode trazer ao sujeito riscos para sua
saúde física e psicológica.
Quando uma gestante fica exposta por muito tempo à um evento estressor e
dessa forma, portanto, manifestando o distresse, isso pode afetar não só a sua saúde
como também a do feto/filho. O estresse agudo e duradouro no organismo pode levar a
gestante a ter parto prematuro e aumenta as chances da criança nascer com baixo peso
(TORCHE; KLEINHAUS, 2012; MONK et al., 2003), pesquisas indicam que o
distresse materno na gestação pode não só influenciar o parto e nascimento do bebê,
como também o desenvolvimento infantil (ELLMAN et al., 2008; ENLOW et al., 2009;
DAVIS et al., 2011). Crianças em desenvolvimento que são afetadas pelo estresse
agudo e duradouro, também chamado de estresse tóxico, são mais predispostas a
doenças e transtornos do desenvolvimento que se inicia na infância e vai até a idade
adulta.
O estresse materno na gestação pode ser transmitido ao feto, pois, uma das
reações do estresse é a liberação do hormônio chamado cortisol em nível elevado no
organismo, o hormônio vai para corrente sanguínea materna e chega ao feto pelo cordão
umbilical.
Dessa forma, se faz importante que gestante e seus familiares fiquem atentos aos
sinais do estresse, os sintomas podem ser físicos (diarreia frequente, pressão alta,
problemas de pele, mudança de apetite, excesso de gases e outros) ou psicológicos
(pesadelos, vontade de fugir de tudo, pensa e fala toda hora no mesmo assunto,
angústia, ansiedade, perda do humor, entre outros). A avaliação da saúde mental na
gestação previne problemas de saúde maternos no pós-parto e atrasos no
desenvolvimento infantil.
Referencias

ELLMAN, L.M et al. Timing of Fetal Exposure to Stress Hormones: Effects on
Newborn Physical and Neuromuscular Maturation. Dev. Psychobiol, v.50, n3,
p.232241, apr. 2008.
ENLOW, M.B et al. Associations of maternal lifetime trauma and perinatal
traumatic stress symptoms with infant cardiorespiratory reactivity to psychological
challenge. Psychosom Med. v. 71, n.6, p.607-614, jul. 2009.
DAVIS, E.P et al. Prenatal maternal stress programs infant stress regulation.
Journal of Child Psychology and Psychiatry. v.52, n.2, p.119-129, feb. 2011.
MONK, C. et al. Effects of women’s stress-elicited physiological activity and
chronic anxiety on fetal heart rate. Dev. Behav. Pediatr., v.24, n.1, p.32-38, 2003.
RODRIGUES, O. M. P.R; SCHIAVO, R.A. Stress na gestação e no puerpério: uma
correlação com a depressão pós-parto. Revista de Ginecologia e Obstetrícia, v.33,
n.9 p.252-257, 2011.
SCHIAVO, R.A. Presença de estresse e ansiedade no terceiro trimestre de
gestação e no pós-parto. 2011. 141f. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual Paulista-UNESP, Bauru, 2011.
SCHIAVO, R.A. Desenvolvimento infantil: associação com estresse, ansiedade e
depressão materna, da gestação ao primeiro ano de vida. 2016. 150 f. Tese
(Doutorado em Saúde Coletiva) – Faculdade de Medicina de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2016.
SELYE, H. Stress: a tensão da vida. São Paulo: Ibrasa, 1956.
TORCHE, F; KLEINHAUS, K. Prenatal stress, gestational age and secondary sex
ratio: the sex-specific effects of exposure to a natural disaster in early pregnancy.
Human Reproduction. v. 27, n.2, p. 558-567, 2012.

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