Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

Dificilmente voltamos nossa atenção ao homem que está vivenciando também o estresse do pós-parto.

Como em nossa cultura os cuidados com o bebê são vistos como exclusivos da mãe, muitas vezes ou porque não dizer na maioria das vezes, esquecemos de incluir o pai nessa dinâmica da relação mãe-pai-bebê.

Existem muitas pesquisas destinadas a saúde mental materna no pós-parto e uma escassez de trabalhos referentes à saúde mental paterna não só no pós-parto como também em qualquer outra fase do desenvolvimento do filho. 

O fato é que o homem também passa por alterações emocionais nos primeiros meses após o nascimento do filho, ainda é pouco pesquisado e discutido, mas há dados de que existem homens que manifestam sintomas de depressão, a chamada Depressão Pós-parto Paterna, além de outras alterações emocionais como o estresse, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade e outros transtornos de humor. 

Esse homem que muitas vezes se encontra sob sintomas de estresse por ter que lidar com o inicio da paternidade que é extremamente difícil tanto para as mães como para os pais principalmente os de “primeira viagem”, em algumas vezes acaba se vendo em uma situação ainda mais difícil quando sua parceira adoece nessa fase, como já informei em textos anteriores, é muito frequente mulheres apresentarem problemas de saúde mental na gestação e no pós-parto, sendo um dos transtornos mais conhecidos a depressão pós-parto materna. Nesses casos o homem acaba assumindo responsabilidades ainda maiores do que as que já enfrentava nesse momento de adaptação da paternidade. 

Um pai que tem que lidar com os sintomas de depressão pós-parto de sua parceira, ou qualquer outra doença mental do pós-parto que ela possa vir a manifestar, enfrenta um estresse maior do que o já esperado para a fase de pós-parto paterna. 

Como sabemos alguns dos transtornos mentais do puerpério faz com que a mãe muitas vezes não sinta prazer nenhum com a maternidade, dependendo do grau da doença podem até rejeitar o bebê ou o seu máximo tentar o suicídio ou infanticídio. 

O homem que vive essa situação tem que lidar muitas vezes tanto com as funções de cuidados com o bebê como alimentar, dar banho, trocar, dar carinho, atenção, acordar de madrugada, etc etc, que deixam qualquer mulher e casais no puerpério estressadíssimos, quanto também tem que lidar com a doença da parceira, que precisa de atenção e cuidados tanto quanto o bebê. 

O homem em nosso país não tem licença paternidade maior do que 5 dias, quando muito em algumas empresas pode ter até 20 dias, o que dificulta ainda mais para o homem que precisa cuidar do seu bebê, de sua parceira e ainda ter que trabalhar deixando ambos em casa. Ter uma rede de apoio nessas horas é extremamente importante, alguém que possa contar para desabafar ou até mesmo ajudar nas atividades todas com relação ao bebê, casa etc. 

Portanto, é importante que a sociedade olhe também para as emoções paternas nos primeiros meses de nascimento do bebê, principalmente profissionais da saúde e saúde mental.

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