Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

Bebês que nascem prematuramente apresentam maiores chances de risco para atrasos no desenvolvimento do que bebês que nasceram a termo.

A Organização Mundial da Saúde (2018) considera nascimento prematuro quando a criança nasce com menos de 37 semanas, quanto menor for a idade gestacional do bebê, maior as possibilidades de risco para o desenvolvimento infantil.

Algumas das condições de risco para nascimento prematuro são: gestação na adolescência, gestantes consumidoras de drogas licitas e ilícitas, baixo nível socioculturais, pré-eclâmpsia materna, cesárias problemas de saúde mental na gestação, desnutrição materna, violência domestica, entre outros. O Brasil está entre os 10 países com maiores números de nascimento prematuro, segundo a OMS (2018). Crianças prematuras têm desvantagens em várias áreas do desenvolvimento como na cognição, motricidade e linguagem.

Programas de estimulação precoce podem oferecer uma condição de proteção para evitar atrasos ao desenvolvimento infantil, os profissionais avaliam o desenvolvimento do bebê e quando detectado algum atrasos no desenvolvimento ou algum comportamento que era esperado para a idade e a criança ainda não executa, há estimulação dos profissionais e orientação aos cuidadores da criança sobre como estimular corretamente a área de desenvolvimento em atraso ajudando a diminuir os riscos ao desenvolvimento. 

Infelizmente muitos pais de crianças que nasceram prematuramente, não sabem diferenciar o que é um desenvolvimento normal para cada mês do bebê e o que pode ser um possível atraso. Muitos dos pais hoje são pais pela primeira vez e nunca tiveram contato com outros bebês, não há também uma cultura em nosso país de educação aos pais sobre desenvolvimento infantil, nem mesmo muitos profissionais que atendem bebês, como o caso de berçaristas/ auxiliares em creches públicas, sabem e conhecem o que esperar do desenvolvimento infantil em cada mês de idade. 

Dessa forma nós profissionais que atuamos com bebês precisamos conhecer a fundo os marcos do desenvolvimento infantil, para avaliar e instruir os pais corretamente sobre como podem estimular o desenvolvimento do bebê em casa, a fim de minimizar os atrasos ao desenvolvimento.

Os pais de uma criança prematura precisam também muito mais do que instruções sobre desenvolvimento infantil e orientações sobre como estimular a criança em casa, esses pais precisam também de muito apoio social e profissional. Os pais idealizam seus filhos, imaginando características físicas, comportamentais, psicológicas para eles e quando o filho idealizado não vem como imaginado pelos pais isso pode causar uma profunda decepção e às vezes até adoecimento psíquico. 

Não é incomum que mães de bebês prematuros apresentam alterações emocionais significativas no pós-parto, a alta ansiedade e a depressão são frequentes em mães de bebês prematuros. Aquela imagem de sair do hospital após o parto e ir para casa com o bebê é destruída com a noticia que o parto ocorrerá de forma antecipada e que a criança não nascerá no tempo e no peso correto, e em até algumas vezes isso significa risco de vida para o bebê, crianças que nascem com prematuridade extrema podem infelizmente sim, não conseguir sobreviver fora do útero materno, ou seja, há uma maior probabilidade também desses pais adoecerem psicologicamente nessa fase, devido à esse turbilhão de preocupações para dar conta. 

Os pais muitas vezes em situações como esses se vem na impossibilidade de ficar o tempo todo com seu filho, a criança internada tem horário para receber visita, ou seja, os pais não ficam o tempo todo com a criança, exceto em hospitais mais humanizados, alguns oferecem até o chamado mãe/pai canguru, onde a incubadora é o próprio corpo da mãe e muitas pesquisas revelam os benefícios e a rapidez com que criança ganha em peso e na alta do hospital.

Não é só a maternidade idealizada que esses pais em geral fazem o luto, mas também da amamentação idealizada, muitas mães acabam não conseguindo amamentar exclusivamente seu bebê no seio como ela havia planejado e sonhado, tendo que novamente reorganizar seus pensamentos em relação a amamentação.

Portanto, precisamos de profissionais sensíveis não só ao bebê prematuro, mas também aos pais desses bebês prematuros, avaliar o desenvolvimento infantil e acolher essa família é um dos papéis do psicólogo perinatal.

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